quinta-feira, 15 de outubro de 2015

UMA CANÇÃO É MAIS MEMORIZÁVEL QUE UM POEMA - MÚSICA VOCAL DE CÂMARA

Um poema é mais memorizável que um parágrafo em prosa; 
uma canção é mais memorizável que um poema.

Eric Havelock, 1996.

A poesia grega nos seus primórdios era cantada e não apenas declamada. Um exemplo são os Aedos, que eram declamadores-cantores profissionais itinerantes que declamavam relatos míticos e aventuras em versos de sua autoria acompanhados em geral do som da lira [1]. 

O autor desse Blog percorreu caminho parecido, pois conheceu a beleza da poesia brasileira de Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo e Raul de Leoni, primeiramente através das canções dos grandes nomes da nossa música erudita. César Guerra-Peixe, Villa-Lobos e Lorenzo Fernândez foram contemporâneos de alguns desses poetas e puderam homenageá-los musicando seus principais poemas.

Mas a obra prima criada pelo poeta e pelo músico só estará completamente realizada no momento em que for interpretada por um bom cantor. E um boa interpretação compreende, não só um boa técnica vocal, mas também boa pronúncia e dicção do idioma cantado. Há gravações antigas de cantores brasileiros que quase não conseguimos perceber que o texto cantado está em português. Infelizmente, nem sempre houve intérpretes interessados em criar uma escola nacional de canto. Boa parte dos nossos cantores sequer conheciam o nosso cancioneiro, preferindo o repertório internacional.

Mas, há grandes nomes que elevaram a canção brasileira a padrões de interpretação louváveis. Destacamos o tenor Aldo Baldin, que inicialmente se notabilizou pelas gravações que fez das Cantatas do alemão Johann Sebastian Bach, mas que também deixou uma gravação soberba das Serestas do carioca Villa-Lobos.


VILLA-LOBOS por Aldo BALDIN




  • Pobre Cega - Seresta Nº 1 (Álvaro Moreyra)
  • O Anjo Da Guarda - Seresta Nº 2 (Manuel Bandeira)
  • Canção Da Folha Morta - Seresta Nº 3 (Olegário Mariano)
  • Saudades Da Minha Vida - Seresta Nº 4 (Dante Milano)
  • Modinha - Seresta Nº 5 (Manuel Bandeira)
  • Na Paz Do Outono - Seresta Nº 6 (Ronald de Carvalho)
  • Cantiga Do Viúvo - Seresta Nº 7 (Carlos Drummond de Andrade)
  • Canção Do Carreiro - Seresta Nº 8 (Ribeiro Couto)
  • Abril - Seresta Nº 9 (Ribeiro Couto)
  • Desejo - Seresta Nº 10 (Guilherme de Almeida)
  • Redondilha - Seresta Nº 11 (Dante Milano)
  • Realejo - Seresta Nº 12 (Álvaro Moreyra)
  • Serenata - Seresta Nº 13 (David Nasser)
  • Voo - Seresta Nº14 (Abgar Renault)


VILLA-LOBOS por Marcel QUILLÉVÉRÉ


Em 1992, Marcel Quilléveré, um tenor francês, gravou na Igreja de São João em Paris um CD com canções do Villa-Lobos que é referência no catálogo do compositor brasileiro. Com uma voz maravilhosa e uma pronúncia excelente do idioma português, Quillévéré não se limitou as canções mais conhecidoas do mestre brasileiro, mas prestou um serviço ao povo brasileiro realizando a primeira gravação mundial das seguintes obras:
  • Sertão no Estio (Arthur Lemos); 
  • Miniaturas; 
  • Il Bove (Carducci); 
  • Coleção Brasileira (Carlos Sá); 
  • Padre Nosso; 
  • A Cascavel (Costa Rego Jr); 
  • Ave Maria; 
  • Epigramas Irônicos e Sentimentais (Ronald de Carvalho); 
  • Três historietas (Francisco de Carvalho; Manuele Bandeira; Ribeiro Couto)
  • Bonsoir, Paris! (Wrigth e Forrest)


GUERRA-PEIXE por Maria da Glória CAPANEMA




Segundo Guerra-Peixe, a cantora Maria da Glória Capanema (Guerra), poderia se quisesse, criar a escola nacional de canto, por entender que não se canta a canção nacional como se fosse um canção italiana com seus vibratos típicos.

Nesse LP, que nunca foi relançado em CD, o soprano Maria da Gloria interpreta do mestre petropolitano, os magníficos Cânticos Serranos nº2 com poesia um importante conterrâneo do Guerra, o poeta Raul de Leoni.

Guerra-Peixe
  • Cânticos Serranos nº2 (Raul de Leoni)
  • Cantigas do Amor Existêncial (Octacílio Rainho; Pierre Weil; J.L.Moreno)
  • Toadas de Xangô 
  • Outros autores: Padre José Maurício, Ascendino Theodoro Nogueira e Lourenço da Fonseca Barbosa







Por Graan Barros


Fontes:
[1]http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0218

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