segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A INTEGRAL DOS CHÔROS DE VILLA-LOBOS

Cândido Portinari "Chorinho", 1942 
No 35º Festival Villa-Lobos de 1997 foi executada a première mundial do ciclo dos Chôros de Villa-Lobos. Na época foi considerado uma façanha, já que ainda hoje não é comum no Brasil serem programados ciclos completos de obras. Somente, vez por outra, vemos a integral das Sinfonias de Beethoven, mas integrais de obras de compositores brasileiros, nunca! 

Para que o leitor entenda o ineditismo, basta saber que a última peça do ciclo foi batizado de 2 Chôros bis. Acreditava Villa-Lobos que a peça serviria como um bis no caso de todos os Chôros serem executados em concerto. O grande musicólogo Adhemar da Nóbrega, muitos anos depois, ironizou o sonho do compositor em uma frase: "Fantasias de compositor brasileiro...". 

Graças a Deus Adhemar da Nóbrega estava errado, pois o que era considerado improvável aconteceu. Em dois concertos programados em sequência no dia 13 de novembro de 1997, foi executado integralmente todo o colossal ciclo dos Chôros. Para a empreitada, que durou mais de quatro horas, foram programadas a OSB, regida por Roberto Tibiriçá que ficou incumbida dos chôros nos. 1-9 e Chôros Bis e o Côro e Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal regida por Roberto Duarte que executou os Chôros números 12, 11 e 10.

Uma platéia animada

Não lembro de ter ido a um concerto e encontrar uma platéia mais empolgada do que aquela. Durante os breves intervalos entre as execuções, quando são feitos ajustes no palco, o público aproveitava para trocar informações sobre as obras e indicar as novas gravações disponíveis no mercado. O saudoso acadêmico Luís Paulo Horta em uma de suas críticas para o jornal O Globo na época, afirmou: "dava para sentir uma clima de Patriotismo no ar".

Infelizmente, não consegui ingressos para o concerto seguinte que teve a execução dos Chôros nº11. Esse é o mais longo de todos, com 76 minutos de duração e naquela noite foi interpretado pelo brilhante pianista Marcello Verzoni. 

Já se vão quase vinte anos e bem que o Museu Villa-Lobos poderia repetir a dose. Fica a dica!

Graan Barros


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