domingo, 9 de novembro de 2014

GUERRA-PEIXE: OBRAS INÉDITAS SENDO REVELADAS

Foto sem autoria encontrada no site: www.guerrapeixe.com/

Vinte e um anos após a sua morte, César Guerra-Peixe ainda possui muitas obras inéditas em seu catálogo. Uma delas é a “Marcha Fúnebre e Scherzetto” de 1946. Essa obra é do período em que Guerra-Peixe foi aluno do alemão, Hans Joaquim Koellreutter, maestro que veio da Europa para o Brasil fugindo do nazismo. Koellreutter foi o responsável, na década de 1940, de inteirar os músicos brasileiros sobre a técnica de composição “dodecafônica“. 

Guerra afirmou posteriormente que esse período de estudos e composição chamado por ele mesmo de “fase dodecafonismo” e compreendida entre os anos de 1941-1949, não havia passado de um casamento mal sucedido. Pura modéstia! Ele não sabia que havia deixado para a literatura musical o que de melhor se fez na música brasileira usando essa técnica. O pouco que está disponível na internet permite ao ouvinte perceber a incrível comunicabilidade que Guerra conseguiu atingir dentro de um terreno considerado tão hermético.
 
A Marcha Fúnebre e Scherzetto que citei no início desse texto precisou aguardar 68 anos para que a fosse interpretada. A estréia ocorreu no dia 27 de outubro desse ano, dentro do Concerto de premiação do “3º Concurso Nacional de Composição da Escola de Música da UFRJ – Centenário Guerra-Peixe”. A ORSEM foi regida por um ex-aluno do mestre, o também petropolitano e compositor, Ernani Aguiar. 

Após a estréia da obra o compositor Alexandre Schubert fez o seguinte comentário na linha do tempo do Facebook da sobrinha-neta do compositor: "A música do Guerra-Peixe foi surpreendente!"

Reestreia

Outra obra importante do Guerra-Peixe que conseguiu ter uma audição contemporânea  foi a “Symphonie pour petit Orchestre”,  através Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Paraná. A sinfonia, depois de receber diversas e bem sucedidas execuções europeias na época da sua composição, estranhamente caiu no esquecimento. Talvez por desinteresse do próprio autor que anos depois rejeitou as obras do período. A última audição que se tinha notícia foi feita em 1967 com a OSB regida por Eleazar de Carvalho. 

Esperamos ver e ouvir essas obras programadas em temporadas oficiais das nossas orquestras e não somente lembradas em efemérides. Abaixo, selecionei alguns links do YouTube onde o melômano poderá encontra algumas dessas preciosidades. 

Guerra-Peixe






Quarteto de Cordas nº1
-Allegro moderato
A partir dos 2'20" 



Guerra-Peixe
Allegretto con moto para flauta e piano (1945) 
a partir dos 28'08"

Guerra-Peixe
Duo para flauta e violino (1947) 
Allegro – Lento – Presto
a partir dos 31'46"

Guerra-Peixe
Pequeno duo para violino e violoncelo (1946) 
Allegro moderato – Largo – Allegro
a partir dos 44'12"



Guerra-Peixe
Marcha Fúnebre e Scherzetto (1946)
ORSEM - Ernani Aguair

Nenhum comentário:

Postar um comentário