quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

HELDER OLIVEIRA - CONHEÇA A OBRA DE UM NOVÍSSIMO COMPOSITOR ERUDITO BRASILEIRO


O compositor Helder Oliveira, nascido há 28 anos na cidade de Campina Grande/PB, é um dos nomes que têm se destacado no cenário da composição de música erudita no Brasil.

Helder Oliveira, segundo o que podemos pesquisar, é licenciado em música e técnico em piano pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde estudou análise musical, foi professor substituto de Análise e Percepção Musical e educador musical. Aperfeiçoou-se em composição com Manoel Nascimento, em Natal.

No período de 2012-2014 alcançou o título de Mestre em Música na Universidade Federal da Paraíba com o tema: "Aplicações de Princípios Gestálticos no Planejamento de EstruturasComposicionais Utilizadas na Peça Segmentos". Oliveira teve como orientador o compositor Liduíno Pitombeira.

Em setembro de 2013 ficou em terceiro lugar no Concurso de Composição Camargo Guarnieri, promovido pela Universidade de São Paulo (USP) recebendo o prêmio de 7 mil reais.

No ano passado, se consagrou vencedor do 3º Concurso Nacional de Composição da Escola de Música da UFRJ – Centenário Guerra-Peixe” com a obra Kesem para orquestra sinfônica.

Em um país onde a música erudita é um nicho e a música erudita contemporânea é um nicho dentro de outro, torcemos para que o jovem compositor possa encontrar terreno fértil para compor e, principalmente, ver sua obra tocada nas orquestras brasileiras.



Por Graan Barros

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

UMA CANÇÃO É MAIS MEMORIZÁVEL QUE UM POEMA - MÚSICA VOCAL DE CÂMARA

Um poema é mais memorizável que um parágrafo em prosa; 
uma canção é mais memorizável que um poema.

Eric Havelock, 1996.

A poesia grega nos seus primórdios era cantada e não apenas declamada. Um exemplo são os Aedos, que eram declamadores-cantores profissionais itinerantes que declamavam relatos míticos e aventuras em versos de sua autoria acompanhados em geral do som da lira [1]. 

O autor desse Blog percorreu caminho parecido, pois conheceu a beleza da poesia brasileira de Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo e Raul de Leoni, primeiramente através das canções dos grandes nomes da nossa música erudita. César Guerra-Peixe, Villa-Lobos e Lorenzo Fernândez foram contemporâneos de alguns desses poetas e puderam homenageá-los musicando seus principais poemas.

Mas a obra prima criada pelo poeta e pelo músico só estará completamente realizada no momento em que for interpretada por um bom cantor. E um boa interpretação compreende, não só um boa técnica vocal, mas também boa pronúncia e dicção do idioma cantado. Há gravações antigas de cantores brasileiros que quase não conseguimos perceber que o texto cantado está em português. Infelizmente, nem sempre houve intérpretes interessados em criar uma escola nacional de canto. Boa parte dos nossos cantores sequer conheciam o nosso cancioneiro, preferindo o repertório internacional.

Mas, há grandes nomes que elevaram a canção brasileira a padrões de interpretação louváveis. Destacamos o tenor Aldo Baldin, que inicialmente se notabilizou pelas gravações que fez das Cantatas do alemão Johann Sebastian Bach, mas que também deixou uma gravação soberba das Serestas do carioca Villa-Lobos.


VILLA-LOBOS por Aldo BALDIN




  • Pobre Cega - Seresta Nº 1 (Álvaro Moreyra)
  • O Anjo Da Guarda - Seresta Nº 2 (Manuel Bandeira)
  • Canção Da Folha Morta - Seresta Nº 3 (Olegário Mariano)
  • Saudades Da Minha Vida - Seresta Nº 4 (Dante Milano)
  • Modinha - Seresta Nº 5 (Manuel Bandeira)
  • Na Paz Do Outono - Seresta Nº 6 (Ronald de Carvalho)
  • Cantiga Do Viúvo - Seresta Nº 7 (Carlos Drummond de Andrade)
  • Canção Do Carreiro - Seresta Nº 8 (Ribeiro Couto)
  • Abril - Seresta Nº 9 (Ribeiro Couto)
  • Desejo - Seresta Nº 10 (Guilherme de Almeida)
  • Redondilha - Seresta Nº 11 (Dante Milano)
  • Realejo - Seresta Nº 12 (Álvaro Moreyra)
  • Serenata - Seresta Nº 13 (David Nasser)
  • Voo - Seresta Nº14 (Abgar Renault)


VILLA-LOBOS por Marcel QUILLÉVÉRÉ


Em 1992, Marcel Quilléveré, um tenor francês, gravou na Igreja de São João em Paris um CD com canções do Villa-Lobos que é referência no catálogo do compositor brasileiro. Com uma voz maravilhosa e uma pronúncia excelente do idioma português, Quillévéré não se limitou as canções mais conhecidoas do mestre brasileiro, mas prestou um serviço ao povo brasileiro realizando a primeira gravação mundial das seguintes obras:
  • Sertão no Estio (Arthur Lemos); 
  • Miniaturas; 
  • Il Bove (Carducci); 
  • Coleção Brasileira (Carlos Sá); 
  • Padre Nosso; 
  • A Cascavel (Costa Rego Jr); 
  • Ave Maria; 
  • Epigramas Irônicos e Sentimentais (Ronald de Carvalho); 
  • Três historietas (Francisco de Carvalho; Manuele Bandeira; Ribeiro Couto)
  • Bonsoir, Paris! (Wrigth e Forrest)


GUERRA-PEIXE por Maria da Glória CAPANEMA




Segundo Guerra-Peixe, a cantora Maria da Glória Capanema (Guerra), poderia se quisesse, criar a escola nacional de canto, por entender que não se canta a canção nacional como se fosse um canção italiana com seus vibratos típicos.

Nesse LP, que nunca foi relançado em CD, o soprano Maria da Gloria interpreta do mestre petropolitano, os magníficos Cânticos Serranos nº2 com poesia um importante conterrâneo do Guerra, o poeta Raul de Leoni.

Guerra-Peixe
  • Cânticos Serranos nº2 (Raul de Leoni)
  • Cantigas do Amor Existêncial (Octacílio Rainho; Pierre Weil; J.L.Moreno)
  • Toadas de Xangô 
  • Outros autores: Padre José Maurício, Ascendino Theodoro Nogueira e Lourenço da Fonseca Barbosa







Por Graan Barros


Fontes:
[1]http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0218

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

SINFÔNICA DA PARAÍBA JÁ FOI A MELHOR ORQUESTRA DO PAÍS


Hoje, para alguns, a melhor orquestra do país é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, porém a Orquestra Sinfônica da Paraíba já ocupou o posto de melhor orquestra sinfônica do país. Tal destaque se deveu, em grande parte, ao apoio que o então governador da Paraíba, Tarcísio Burity (João Pessoa, 28 de novembro de 1938 – São Paulo, 8 de julho de 2003) deu a cultura no período em que esteve à frente do Estado da Paraíba. Escritor e amante das artes em geral, conseguiu dar o aporte financeiro necessário para que a orquestra atraísse para as suas estantes músicos qualificados e um maestro de renome, como foi o grande Eleazar de Carvalho, paraibano, como também foi Burity. 

No ano de 1988, nasceu o resultado sonoro dessa parceria, o CD A Brazilian Extravaganza que foi editado por uma gravadora estrangeira, a norte americana, "Delos", que veio ao Brasil gravar o repertório durante um festival. O título e capa escolhidos são típicos da visão estereotipada que os estrangeiros em geral têm do Brasil. Mas, foi um sucesso de venda no exterior, tão grande que apesar de ter sido lançado há muitos anos ainda pode ser encontrado no catálogo da gravadora.

O CD abre com uma obra do Villa-Lobos que raramente é executada e gravada, os Chôros nº8. Existe uma outra gravação no mercado desse Chôros, mas é muito inferior a essa. É uma obra de grande vigor rítmo, violento mesmo, com grande colorido orquestral e instrumental. Como é usual na orquestra do Villa-Lobos há a presença de inúmeros instrumentos típicos da percussão brasileira.

Segue-se, a linda Fantasia para violoncelo e orquestra com o violoncelista Janos Starker e na faixa seguinte: uma das versões mais longas que conheço do Poema Sinfônico Uirapuru. Nessa composição, Villa-Lobos disse ter usado o canto desse pássaro amazônico que ele mesmo recolheu quando esteve na Amazônia. Pelo que ouvimos na gravação essa é uma das muitas histórias inventadas pelo compositor.

A última faixa do CD é de autoria do argentino,  Alberto Ginastera.


A Brazilian Extravaganza - Heitor Villa-Lobos: Chôros No. 8 / Fantasia for Cello & Orchestra / Uirapuru / Marlos Nobre: Convergências - Janos Starker, Cello



Por Graan Barros

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

TEM GATO NA TUBA E NO PIANO TAMBÉM!

Radamés com sua gata, "Nininha" e Guerra-Peixe com o "Pajá"
O dicionário nos mostra que o termo "elurófilo" é usado para indivíduos que tem amor patológico por gatos. Nunca gostei muito dessa palavra, talvez por ter conotação de doença. Igualmente é a palavra musicófilo, que muitos usam para designar as pessoas que gostam de música. Mas, pelo mesmo motivo prefiro melómano.

Essa introdução foi feita para justificar o tema dessa postagem que homenageia dois dos nossos maiores compositores eruditos, que por coincidência, adoravam gatos. São eles: Radamés Gnattali e César Guerra-Peixe. Eles não só amavam gatos, mas também compuseram músicas para homenagea-los.

Gnattali tratou de homenagear a sua gatinha chamada "Nininha" com uma valsa e chegou até a escrever uma dedicatória para ela na partitura. Já Guerra-Peixe se inspirou em um bichano ficcional da novela/ fábula, "O gato malhado e a andorinha Sinhá", escrita por seu amigo, o escritor baiano Jorge Amado.


Gatinhos no piano

Da obra do Gnattali, "Caprichosa" não encontramos exemplos na internet para mostrar aqui, mas encontramos outra composição que também homenageia os gatos. É a "Gatinhos no piano", composição que mostra de forma mais evidente o lado popular do compositor. A gravação foi feita com o Quarteto Continental, formado pelo Zé Menezes  ao violão, Vidal no contrabaixo, Luciano Perrone na bateria e Heitor dos Prazeres na Percussão, tendo o autor ao piano.



O gato malhado e a andorinha Sinhá

O Gato Malhado do Guerra foi composta em 1982, originalmente para piano solo e depois orquestrada com a inclusão de um declamador. Segundo o livro, "Guerra-Peixe - um músico brasileiro" a obra recebeu audição na Bahia, tendo na platéia Jorge Amado e o artista plástico Carybé, autor das gravuras que ilustraram o livro.

Abaixo, o vídeo da versão com orquestra que foi gravada em dezembro de 2014 na Sala Cecília Meireles, RJ. O concerto fechava as comerações do centenário de nascimento do maestro Guerra-Peixe.





Só para constar, o editor desse blog também ama gatos.

Por Graan Barros

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

QUER PARTICIPAR DO PROGRAMA PRELÚDIO? NÃO TOQUE PEÇA NACIONAL, TOQUE MOZART!



Ontem, começou a temporada 2015 do programa "Prelúdio". Entre os quatro participantes, o bandolinista Elias Barboza do Rio Grande do Sul foi um dos mais elogiados pelo júri do programa formado pelo pianista Gilberto Tinetti, pela cantora Patrícia Endo, pelo crítico Irineu Franco Perpétuo e pelo compositor Amaral Vieira. Foi louvada a sua musicalidade, o fraseado, a dinâmica e seu perfeito entrosamento com a orquestra.

A peça escolhida, "Suíte Retratos" de Radamés Gnattali, também foi elogiada. Segundo Tinetti, nenhuma obra brasileira tinha sido interpretada com tanta beleza por um concorrente, desde a primeira edição do programa. Entretanto, para espanto de todos nós que assistimos ao programa, Barbosa não recebeu sequer um voto do júri que tinha até um compositor brasileiro, o maestro Amaral Vieira. Somente os candidatos que trouxeram Mozart receberam voto.

Sabemos muito bem o que  nome de Mozart representa na história da música ocidental, mas para nós aqui do blog, os nomes do programa foram: Elias Barbosa e o clarinetista Samuel Junior (com Mozart).



Por Graan Barros

sexta-feira, 17 de julho de 2015

UMA COMPOSIÇÃO MUSICAL FEITA PARA PERCUSSÃO E NADA MAIS!



Em pleno século XXI ouvi de um músico, explicando para um grupo de neófitos em música, os diversos naipes de uma orquestra. Depois de descrever, cordas, madeiras, metais, ele chegou finalmente à seção da percussão e assim se referiu a ela: “há, meus amigos, inclusive, os instrumentos de percussão que só servem para marcar o ritmo". Com uma definição destas, podemos constatar, infelizmente, que há pessoas que “passaram” pelo século XX sem se dar conta da revolução porque passou a música e com ela a seção da percussão.

O que diria então esse músico se ele soubesse da existência de uma composição escrita apenas para um conjunto de percussão, como a famosa: Ionisation (1931) de Egard Varèse? A percussão por si só expressando uma ideia musical, sem precisar se apoiar em nenhum outro grupo instrumental.
Osvaldo Lacerda

A obra de Osvaldo Lacerda, compositor paulistano, falecido há poucos anos, em 2011, prova muito bem essa tese. São três miniaturas de caráter nacional que iniciam com um "Sambinha Dodecafônico", seguindo um interlúdio e finalizando com um alegre coco nordestino. 

Movimentos que expressão perfeitamente a ideia do compositor através dos seguintes instrumentos: tamborim, agogô, caixa, bumbo, gongo, frigideira, surdo, acessórios, vibrafone e tímpanos. 


Por Graan Barros

sexta-feira, 26 de junho de 2015

ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA COMPLETA 70 ANOS COM SÉRIE DE RECITAIS E CONCERTOS

Sala Cecília Meireles - Foto: Graan Barros 26/06/2015

A Academia Brasileira de Música (ABM) completa no ano de 2015 setenta anos de existência. A já tradicional série "Brasilianas" promovida pela ABM, festejará a data com concertos e recitais entre os dias 02 e 28 de julho, no Espaço Guiomar Novaes e na Sala Cecília Meireles, ambos localizados no bairro da Lapa, Rio de Janeiro. Diversos instrumentistas, cantores, grupos de câmara e orquestras brasileiras foram convidados.

Logicamente, o repertório interpretado será todo de compositores brasileiros em uma seleção que vai de Heitor Villa-Lobos, que foi o idealizador e fundador da ABM em 1945, tendo deixado em testamento metade dos seus direitos autorais para a ABM, passando por: Lorenzo Fernândez, Guerra-Peixe, Claudio Santoro e chegando aos dias de hoje com obras de João Guilherme Ripper (atual diretor da Sala Cecília Meireles) e Edino Krieger, autor de clássicos incontestáveis como: Ritmata, Canticum Naturale, Divertimento para cordas e Sonatina para piano.

Resgate

Uma série como essas permite  ao ouvinte conhecer obras importantes da nossa literatura musical que mesmo tendo obtido críticas favoráveis aqui e no exterior, foram praticamente esquecidas pelos nossos maestros, orquestras e músicos. Um bom exemplo é o excelente, Concerto para Orquestra de José Siqueira. Análogo da obra do húngaro Bela Bartòk, Siqueira trabalha os diversos naipes da orquestra como em um concerto solista/ orquestra.

Perdas recentes no cenário musical brasileiro como as dos compositores paulistanos, Almeida Prado (1943-2010), Osvaldo Lacerda (1927-2011) e Mário Ficarelli (1935-2014),  também não foram esquecidas.

Graan Barros

Abaixo, a íntegra da programação. Para maiores informações acesse o site da Sala Cecília Meireles clicando aqui.

Sala Cecília Meireles
Espaço Guiomar Novaes

BRASILIANAS
Academia Brasileira de Música – 70 anos

Programação

Dia 02 de julho (SCM – 20:00h) – Orquestra Sinfônica da UFRJ – Regência: Roberto Duarte

1-    Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959) – Madona (Poema Sinfônico – 1945)

2-    Heitor VILLA-LOBOS – Fantasia para violoncelo e orquestra (1945)

I-              Largo
II-            Molto vivace
III-          Allegro expressivo

quarta-feira, 13 de maio de 2015

MINIMALISMO MUSICAL

A música minimalista surgiu nos Estados Unidos da América em meados do século XX e se caracteriza principalmente pela repetição constante de motivos melódicos. O movimento passou a ser considerado vanguarda por aqueles que não queriam mais compor pela cartilha do serialismo dodecafônico. 

A repetição do minimalismo se opõe diretamente a música serialista dodecafônica que, na década de 1920 se tornou vanguarda musical na Europa. No serialismo dodecafônico os 12 sons da escala cromática são organizados de forma que na composição nenhum som se repita sem que todos os outros sejam usados. O compositor brasileiro Guerra-Peixe, em 1971, afirmou: "toda a repetição, tal e qual ou semelhante, não passaria de mero primarismo."

A influência dos minimalistas norte-americanos como: John Adams, Steve Reich ou Philip Glass no mundo foi gigante, mas também há grandes expoentes na Europa como o compositor polonês Gorècki ou o estoniano Arvo Pärt (maravilhoso por sinal). Mas, convenhamos: a assinatura sonora conseguida pelos americanos praticamente define esse tipo de música, bastando ao melômano ouvir apenas os primeiros compassos. A repetição rítmica e hipnótica e a pulsação típica da música de Adams ou Reich, conseguem sintetizar por si só o minimalismo.


Caio Senna

No Brasil o minimalismo não possui muitos adeptos, mas apenas compositores que utilizam a técnica como mais um meio do que um fim em si mesmo. Um desses compositores é o carioca, Caio Senna. Em sua canção "Mad Madalenon" com texto de Julio Carlos Duarte, podemos observar que ele utiliza o minimalismo de forma mais ostensiva.



Marlos Nobre

Outro exemplo do uso do minimalismo em obra de compositor brasileiro, pode ser encontrado na música Sonâncias III, para dois pianos e dois percussionistas do pernambucano Marlos Nobre. Nessas sonâncias também podem ser encontradas outras técnicas, até mesmo um fuga, demostrando assim, o uso do minimalismo como um meio e não como um fim.

Diferente das obras minimalistas dos norte-americanos que criam um ambiente hipnótico através do uso da repetição, Marlos Nobre oferece ao ouvinte um ambiente mais vigoroso, preferindo criar uma sensação de aumento de tensão constante, toda vez que um acorde nos pianos é somado aos anteriores. A primeira parte da obra é concluída com uma explosão provocada por essa tensão.


Graan Barros

terça-feira, 12 de maio de 2015

NONETO DE VILLA-LOBOS




Algumas obras, mesmo sendo consideradas importantes no catálogo de um compositor, por algum motivo são pouco executadas ou gravadas. O Noneto do Villa-Lobos é um desses casos. Composta no início da carreira do Villa-Lobos, o Noneto é obra fortemente influenciada pelas novas técnicas de composição que eram consideradas vanguarda na Europa entre o fim do séc 19 e início do 20. 

Os temas (ideia musical ou melodia) do Noneto são abundantes e aparecem e desaparecem sem serem "devidamente" desenvolvidas. Esse tipo de procedimento soava como um pecado para os ouvintes e principalmente para os críticos musicais do Rio de Janeiro do início do século XX. 

O interessante é saber que alguns dos atuais frequentadores das salas de concerto, talvez acostumados com o classicismo do repertório a eles impostos, estranharão da mesma forma que os ouvintes do século passado a falta de desenvolvimento ou as dissonâncias.


Graan Barros